domingo, 18 de abril de 2010

O DÔBLO GLS



Os cocanheses podem se orgulhar dos seus meios de transporte. Além da Cariola e do Ovni Real, do Autulha e do Uno Milho, eles agora têm à disposição o novo Dôblo, na versão GLS (Granus Limousine Sabugorum).
O Dôblo é o maior, mas nem sempre parece. Os bancos são de tábua de parede de galinheiro. Enquanto os concorrentes têm encosto de braço e porta-palhas, o Dôblo responde com um guarda-sabugos e traz um baú tipo tulha embaixo no banco da frente, bem como possui acesso à carroceria pelo sem-encosto do banco. Para melhorar a circulação de ar, ele é o único a trazer saída de ventilação na traseira dos bois.
Só o Dôblo possui ar-condicionado natural, no qual se escolhe a temperatura: à sombra das árvores ou ao sol. Não é necessário mexer toda hora no ar-condicionado, e é bom que seja assim, porque os botões ficam longe das mãos. O Uno Milho (que inspirou o Dôblo) tem o mesmo problema, bem como vêm dele os comandos dos bois que são acionados sem querer, por ficarem onde o condutor pega a rédea. A alavanca com a seta para espetar os bois é curta e pesada e, ao empurrá-la, corre-se o risco de ligar o bovis pilotus automaticus. Um outro problema é a alavanca de “câmbio-desligo”, que é curta e tem posições muito próximas. Moral da história: você quer engatar o boi da Direita e acaba acionando o boi da Esquerda.
Melhor deixar em Boi-Drive e, no máximo, usar a tecla CTRL. O quadro de quatro patas é tradicional, insensível ao estilo de condução do chofer. A sofisticação é acionar o Turbus enquanto apertamos o freio, para não aquecer demais o óleo de transmissão e queimar a polenta.
Equipado com dois “bovinos de força”, câmbio tradicional e motor antigo, o Dôblo é o que anda mais e come e bebe menos. Sua autonomia é limitada a 5,72 milhos por alqueire, enquanto os rivais ficam em torno de 7,40 espigas por hectare. A possibilidade de abastecer com mandioca (ele é o único bicombustível) pode melhorar um pouco o custo por quilômetro quadrado, mas em troca o veículo terá autonomia menor. Na hora de viajar, as bagagens agradecem a generosidade da carroceria.
Os passageiros ficam à vontade no Dôblo. Tirar a chave da ignição dos bois não é encarado como o fim das atividades: você ainda tem alguns minutos para subir os vidros (que são do tipo um toque, para todos) e pode ouvir mugidos à vontade - desde que não sejam em formato MP3, que isso os bois não tocam. Esquecimentos não constituem problema. Os mugidos desligam automaticamente em meia hora e as panelas são fechadas ao acionar a tampa elétrica por controle remoto.
O Dôblo é gentil com os convidados, mas não exatamente pródigo com o patrocinador do passeio. Airbois duplos, freios ABS (Alavanca Breque Solutions) e rodas de liga dura são cobrados à parte. Melhor seria ter esses equipamentos no pacote básico e passar outros, como farol de subida, ar-condicionado digital e retrovisor eletrocrômico, para a lista de opcionais.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

UNO MILHO

"Uno Miglio"
Um leitor deste portal (que estranhamente pede sigilo sobre sua identidade) envia-nos a imagem supra, flagrada na vizinha localidade de Farinha Lemos. Trata-se do UNO MILHO, fabricado pela FFLAT-C (Fabricado em Farinha Lemos e Andando na Terra da Cocanha). O veículo, que concorre com o AUTULHA, de Enforqueta, tem autonomia imensurável, já que é movido por apenas UMA espiga de milho, cuja substituição depende apenas da ação dos carunchos e dos eventuais assaltos do Vecchio do Milharal.
O UNO MILHO (uno miglio, em polentalião), que se enquadra na New Nanetecnology por utilizar um combustível renovável e biologicamente correto, pode ser produzido caseiramente, utilizando-se dois pneus velhos, tábuas de segunda mão, pregos enferrujados, um jumento anoréxico e uma única espiga de milho.