segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ENCONTRADO CARRO DI BUOI ESPACIAL

A pista de pouso do carro di buoi espacial pilotado por Luigi Braccioforte
 

A Agência Espacial Cocanhesa (ECO, PÓ) teve, por 30 anos, uma frota de 5 carro di buoi espaciais (um sexto, o protótipo Mescolprise, nunca foi ao espaço). Dois deles, o Tchá-Tchá-Pum-Challenger e o La Colomba Brustolata, foram perdidos em explosões que causaram a morte de 14 astronanes. Os outros três, o Tegonis, o Indavouali e o Discovery di Polenta, estão expostos em diferentes museus e centros espaciais da Terra da Cocanha.
Todavia, o que ninguém sabia é que um sétimo carro di buoi espacial foi construído e enviado ao espaço sideral nos anos 70. Segundo informações colhidas aqui e ali, esse carro di buoi teria sido usado durante a Guerra da Polenta Fria para espionar os países vizinhos e roubar tecnologia nanenuclear. Dado como extraviado até a manhã de hoje, a ECO, PÓ finalmente respirou aliviada com o seu retorno ao solo cocanhês - ou melhor, a um telhado cocanhês.
O fenômeno responsável pela recuperação do carro di buoi espacial foi um tornado invertido, que, na noite passada, sugou o velículo do espaço e o encravou sobre um telhado estilo colonial no povoado de Novo Milhano. Conforme nota oficial emitida pela ECO, PÓ, o piloto Luigi Braccioforte, logo após a aterrissagem, teria desembarcado do velículo e pedido um garrafão de vinho ao proprietário do Bar Parada 460. Após, não foi mais localizado para dar explicações sobre a viagem...


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A CANÇÃO DO TRABALHO

Tal como a uva colhida
fecunda a pipa, no porão,
para fecundar a vida,
o lavoro se inventou.

Feliz quem pode, orgulhoso,
dizer: “Nunca fui vadio:
e, se hoje sou ganancioso,
ao lavoro devo o que sou”.

É preciso, desde a infância,
ir preparando a ganância:
para chegar à ventura
é preciso lavorar.

Não nasce a espiga perfeita,
não cresce o sabugo reto;
e, para ter a vindima,
é urgente lavorar.

[Joanim Pepperoni, PhD – em clima de vadiagem]

"Testom di Porqui" (Banha sobre toalha de mesa - Leonane da Vinte)
 
  

sábado, 3 de agosto de 2013

DAS RELAÇÕES SOCIAIS E COMERCIAIS

Este é o mais recente produto da minha pesquisa antropolentológica na Terra da Cocanha, dedicado a todas os(as) cocanheses(as) que cultivam o hábito de ignorar publicamente seus conhecidos ou colegas de trabalho.

Das relações sociais e comerciais
 
Quando o Nane põe as tamancas
e na cidade vai vender  torresmos,
a todos cumprimenta a esmo
para o seu negócio de pelancas.
 
Sorri como hiena atraindo a presa,
disfarçando, falastra,  a cobiça,
os ovos de todos gaba, e a linguiça,
com donairosa gentileza.
 
Mas se encontra um seu vizinho,
conhecido, amigo de infância,
já na face põe uma carranca
e pro lado vira o seu focinho.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A FANTÁSTICA MÁQUINA DE ENSACAR BERROS




PEPPERONI, Joanim. A fantástica máquina de ensacar berros: relatório de pesquisa. Polentawood: Prensa de Torresmos Cantina do Frei, MMXIII.
 

Sobre o jogo do Quatrilho

O Zilmar amava a Zanete,
a Zanete amava o Zairo,
o Zairo amava a Ziovana,
a Ziovana amava o Zaílson,
o Zaílson amava a Zuliana
que não amava ninguém.

O Zilmar voltou pra Flores,
a Zanete foi morar em Bento,
o Zairo virou comerciante,
a Ziovana foi pro convento,
o Zaílson financiou um caminhão
e a Zuliana  ela se casou
com o J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado no zogo. (p.33)
 
 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O HINO DA TERRA DA COCANHA


Parte 1


Ouviram do Tegão as margens tácitas
de um povo estóico a fome repugnante.
E da polenta o pau em gestos púnicos
cruzou o céu da pátria neste instante.

Se o senhor dessa herdade
conseguirmos dominar com braço forte,
em teu seio, mãe miserável,
defend'remos nosso lote até a morte.

Cocanha amada,
idolatrada,
salve! salve!

Cocanha, solo imenso, um raio híspido
de apojo e de fartura à Terra desce,
se em teu frutuoso chão, fecundo e vívido,
a imagem do dinheiro resplandece.

Pujante pela própria natureza,
és farta de materno colostro,
e o teu ravióli espelha essa grandeza.

Terra adorada,
entre outras mil
tu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta assada e
febril!

 
Parte 2

Deitada eternamente em berço tépido,
ao som do Tega e à voz de Dom Modugno,
fulguras, ó Cocanha, nostra Mérica,
iluminada ao sol do céu oriundo.

Do que a Itália, mais garrida,
tuas parreiras em latadas têm mais uvas;
nossos vinhos têm mais preço,
nossa sopa de agnoline mais sapore.

Cocanha amada,
idolatrada,
salve! salve!

Brasão do amor materno seja símbolo
o paraíso que ostentas deslumbrada,
e diga o padre ao som de uma campânula:
“– Deus no futuro e a fome no passado!”

Mas, se ergues da cobiça a clava forte,
verás que um filho teu não foge à luta,
nem treme quem revende a própria Mama.

Terra adorada,
entre outras mil
tu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta cortada
com fio!

Joanim Pepperoni, PhD
Observatório Colonial, 4º andar
Terra Cocanhae
Anno Dominae MMXIII