quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O HINO DA TERRA DA COCANHA


Parte 1


Ouviram do Tegão as margens tácitas
de um povo estóico a fome repugnante.
E da polenta o pau em gestos púnicos
cruzou o céu da pátria neste instante.

Se o senhor dessa herdade
conseguirmos dominar com braço forte,
em teu seio, mãe miserável,
defend'remos nosso lote até a morte.

Cocanha amada,
idolatrada,
salve! salve!

Cocanha, solo imenso, um raio híspido
de apojo e de fartura à Terra desce,
se em teu frutuoso chão, fecundo e vívido,
a imagem do dinheiro resplandece.

Pujante pela própria natureza,
és farta de materno colostro,
e o teu ravióli espelha essa grandeza.

Terra adorada,
entre outras mil
tu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta assada e
febril!

 
Parte 2

Deitada eternamente em berço tépido,
ao som do Tega e à voz de Dom Modugno,
fulguras, ó Cocanha, nostra Mérica,
iluminada ao sol do céu oriundo.

Do que a Itália, mais garrida,
tuas parreiras em latadas têm mais uvas;
nossos vinhos têm mais preço,
nossa sopa de agnoline mais sapore.

Cocanha amada,
idolatrada,
salve! salve!

Brasão do amor materno seja símbolo
o paraíso que ostentas deslumbrada,
e diga o padre ao som de uma campânula:
“– Deus no futuro e a fome no passado!”

Mas, se ergues da cobiça a clava forte,
verás que um filho teu não foge à luta,
nem treme quem revende a própria Mama.

Terra adorada,
entre outras mil
tu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta cortada
com fio!

Joanim Pepperoni, PhD
Observatório Colonial, 4º andar
Terra Cocanhae
Anno Dominae MMXIII