Parte
1
Ouviram
do Tegão as margens tácitas
de
um povo estóico a fome repugnante.E da polenta o pau em gestos púnicos
cruzou o céu da pátria neste instante.
Se
o senhor dessa herdade
conseguirmos
dominar com braço forte,em teu seio, mãe miserável,
defend'remos nosso lote até a morte.
Cocanha
amada,
idolatrada,salve! salve!
Cocanha,
solo imenso, um raio híspido
de
apojo e de fartura à Terra desce,se em teu frutuoso chão, fecundo e vívido,
a imagem do dinheiro resplandece.
Pujante
pela própria natureza,
és
farta de materno colostro,e o teu ravióli espelha essa grandeza.
Terra
adorada,
entre
outras miltu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta assada e
febril!
Deitada
eternamente em berço tépido,
ao
som do Tega e à voz de Dom Modugno,fulguras, ó Cocanha, nostra Mérica,
iluminada ao sol do céu oriundo.
Do
que a Itália, mais garrida,
tuas
parreiras em latadas têm mais uvas;nossos vinhos têm mais preço,
nossa sopa de agnoline mais sapore.
Cocanha
amada,
idolatrada,salve! salve!
Brasão
do amor materno seja símbolo
o
paraíso que ostentas deslumbrada,e diga o padre ao som de uma campânula:
“– Deus no futuro e a fome no passado!”
Mas,
se ergues da cobiça a clava forte,
verás
que um filho teu não foge à luta,nem treme quem revende a própria Mama.
Terra adorada,
entre outras mil
tu és fiorim,
Cocanha amada!
Do milho deste solo é mãe gentil,
p’lenta cortada
com fio!
Joanim Pepperoni, PhD
Observatório Colonial, 4º andar
Terra Cocanhae
Anno Dominae MMXIII