quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ORAÇÕES À POLENTA

Polenta Nossa
Polenta nossa, que da boca estais no céu,
santificada sejas, Mata-fome,
venha o Vosso reino ao nosso abdôme,
sejas feita em grande quantidade,
aqui na Serra como um troféu.
A fome de cada dia matai hoje,
e saciai-nos a nossa gula,
(assim como nunca saciamos com o que temos cozido)
e não nos deixeis cair em constipação,
nem livrai-nos do sal.
Amém!


Ave Polenta
Ave Polenta, cheia de molho, o sabor é Convosco.
Bendita sois Vós entre os manjares
e bendito é o fruto do Vosso ventre: Cuscuz.
Santa Polenta, Mãe dos Pobres, fritai por nós, comedores,
agora e na hora da nossa fome.
Amém!






terça-feira, 13 de setembro de 2011

POEMA CAÇA-PALAVRAS Nº4

Na era Pós-sabugo, manifesto é 'perca' de tempo. Valem ouro as receitas da Nona, o rítmico preparo dos guisados farináceos e a habilidade estóica com as méscolas. Vale ouro o pó subtraído dos grãos com a sova dos monjolos e pilões. Estilo individual é coisa passadista, porque polenta é: cópia da cópia copiada da cópia. A receita vem na veia, é genética, capichi?

Encher a boca com farinha e exclamar repetidas vezes: "farinha", "farinha", "farinha"!... Eis o desafio. Néscio é quem cria, fica rico quem copia. Pegue o pombo!


Poema sem manifesto é receita: polenta!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

POEMA CAÇA-PALAVRAS Nº3

Na era Pós-sabugo, a fome na Terra da Cocanha caiu pela metade (dados do último non-sense). Mas salvaguardou-se pelas gerações a Arte de preparar a polenta - guisado farináceo com que se aquilatam filós e se celebra a fome atávica. A ritualização da fome, a sacralização da receita! A hóstia de polenta! O gesto imutável de operar a méscola como obrigação escolar, a repetição dos movimentos ritmados e o cantarolar de La bella polenta! Um bambino desbafa: "- Antes uma méscola na panela, que uma mescolada nos dedos..."

A poesia da era Pós-sabugo pode ser cozida ou brustolada, fruída com queijo ou molho de perdizes. A matéria-prima dessa poesia (chamem-na Poema Caça-palavras) vem da terra, escapa do caruncho, passa pelo monjolo, cai na panela e ganha forma com água quente e sal de cozinha. Não há manifestos, há receita! Ei-la, a cópia da cópia:

Criação seriada do mestre Joanim Pepperoni.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

POEMA CAÇA-PALAVRAS Nº 2


Na era Pós-sabugo, a Arte fugiu dos museus, exilou-se nas cozinhas, foi incrustar-se na gordura das panelas... Um mestre-cozinha chega ao clímax com o ritmado tchá-tchá-pum! da méscola no guisado farináceo: “Polenta com latte engrossa le culate” – admitem rechonchudas ativistas do movimento cocanhês Polenta com Pissacán.
“Gestão de palavras” é a palavra de ordem do lirismo globalizado e do novo Poema Caça-palavras. Eis a cópia do original:



O Poema Caça-palavras: produção seriada altamente econômica

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O POEMA CAÇA-PALAVRAS


Na era Pós-sabugo, a Arte despiu-se da palha sisuda e áspera, passando a ser produzida com farinha de milho e massinha de modelar... Para que o leitor frua um inesquecível momento gastronômico e experimente a estética do ludismo transgênico, publico a seguir o primeiro exemplar de um novo gênero literário: o Poema Caça-palavras.


O Poema Caça-palavras (inventado por Joanim Pepperoni, PhD)