segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A CANÇÃO DO BURRACO



A CANÇÃO DO BURRACO
 
Vejo buracos
por toda parte,
de toda sorte
e de toda arte.
Há buracos novos,
em bom Estado
e buracos velhos,
já antiquados.
Vejo buracos
para pedestres,
para cariolas
para chevettes.
Buracos particulares,
cavidades federais,
lacunas públicas,
socavões municipais.
Falta-nos enxada?
– Está enferrujada!
Falta-nos patrola?
– Esta sempre atola!
Falta-nos piche?
– Por mim que abiche!
Falta-nos vontade?
– Buraco é entrave!
 
Vejo buracos
por toda parte,
de toda sorte
e de toda arte.
 
Há buracos urbanos
rachaduras rurais;
Há covas sem dono
e tocas abissais.
Buracos e frestas,
orifícios e fendas,
brechas funestas,
rombos e emendas.
Falta-nos desembaraço?
– Ai, que cansaço!
Faltam-nos engenheiros?
– Choveu o dia inteiro!
Falta-nos um mestre-obras?
– Foi picado de cobra!
 
A gente que é fraco
e cai no buraco!
O buraco é fundo?
Acaba-se o mundo!