sábado, 17 de outubro de 2009

AS MIL E UMA UTILIDADES DO SABUGO

O sabugo, fonte de renda.


Queridos leitores:
A reflexão de hoje foi suscitada pela empertigada pergunta de um leitor deste mural, o Sr. Gorgonzolla Netto, também profundo questionador das verdades impostas pelos conglomerados polentônicos, pelos milheiros, pelos sabugueiros e pelos ideólogos da polenta, etchétere et quale... Em razão de a pergunta merecer mais que uma evasiva resposta, decidi fazer uma reflexão teórico-filosófica embasada em dados empíricos e orientada por uma metodologia científica de comprovada eficácia. Logo, não inventarei nenhuma informação, nem me apropriarei indevidamente do conhecimento desenvolvido por meus ilustres colegas pesquisadores. A seguir, respectivamente, a pergunta do Sr. Gorgonzolla e minha admirável resposta:

“Sr. Joanim, já inventaram milho sem sabugo na Terra da Cocanha?”

Caro Sr. Gorgonzolla:
Peço desculpas tanto pela sinceridade quanto pela prolixidade da minha resposta: a nanetecnologia produz maravilhas, mas ainda não faz milagres! Todavia, creio que os cocanheses não têm nenhum interesse em eliminar o sabugo, pelas seguintes e bastantes razões: 1) ele substitui o papel higiênico por ser barato e ecologicamente correto (e possuir uma tripla função...); 2) ele substitui a lenha para aquecer os fogolares em que se prepara a polenta; 3) ele tem grande importância nanindustrial, ao ser usado no lugar do carvão mineral; 4) ele é adicionado à ração dos animais e, sub-repticiamente, aos alimentos humanos, como a farinha integral (um composto de palha, grãos de milho e sabugos), o açúcar mascavo, o café, as salsichas e salames, etchétere et quale...; 5) quando manipulado por mãos criativas, resulta em belíssimas obras de arte, semelhantes às conhecidas esculturas de polenta; 6) na educação dos bambinos, substitui com eficácia pedagógica os bloquinhos de madeira e de polentinha frita; 7) também substitui as rolhas de cortiça em garrafas e garrafões; 8) nos esportes, é utilizado como medalha para os atletas (cada um recebe um sabugo com o tamanho respectivo à posição alcançada); 9) na construção civil, é usado como isolante térmico e acústico; 10) no banho, serve como esponja (bucha) e escova; 11) na estética e na dermatologia, constitui excelente esfoliante; 12) na medicina, torna-se um eficiente desconstipante; 13) durante os períodos de estiagem amorosa, transforma-se em providencial “apetrecho de consolo”; 14) and polent bat no police, cumpre a função primordial de sustentar os grãos, compondo aquilo que todo mundo conhece como "espiga de milho".
Como o Sr. pode ver, Sr. Gorgonzolla, o sabugo está de tal modo entranhado na cultura cocanhesa, que sua eliminação comprometeria seriamente o funcionamento, se não a extinção, desta prodigiosa sociedade.
Afinal, na Terra da Cocanha, quem não tem sabugo não pode ser visconde nem rei!...


2 comentários:

  1. Sr. Pepperoni,
    agradeço-lhe imensamente pelas explicações. Embora sua reflexão seja científica, não pude deixar de esboçar um riso maroto durante a leitura. O universo cultural dos cocanheses, com o perdão de uma comparação esdrúxula, lembra-me muito um espaço geográfico real: a região da Serra gaúcha.
    Un saluto!
    Gorgonzolla Netto.

    ResponderExcluir
  2. Sr.Pepperoni,
    concordo plenamente com o senhor Gorgonzolla Netto. A Serra Gaúcha é realmente parecida com a Terra da Cocanha. Talvez seja mera coicidência...
    Parabéns pelo sítio, e suas pesquisas são ótimas.

    ResponderExcluir