Prezado confrade Joanim:
É de teu conhecimento minha dedicação à pesquisa antropolentológica no meu escasso tempo disponível, visto que estou envolvido, em pesquisa financiada pela Cáspite, na elaboração de um Florilégio da Cultura Cocanhesa.
Assim, resta-me a opção da pesquisa autônoma nos fins-de-semana, o que tem se revelado deveras profícuo, pois é também o período em que os cocanheses - os que não possuem vinícolas, restaurantes e afins - vão à missa, fazem filó diurno, jogam quatrilho, interagem socialmente e apreciam o esporte. Sim, apreciam o esporte. Descobri, nessas andanças por ínvios caminhos carroçais, em companhia do incansável Andrea Polentoni, PhD, que a grande atração no interior da Terra da Cocanha atende pelo nome de chutebol, e mais: que existe um campeonato regular, com estádios, torcidas, arranca-rabos, xingamentos em polentalião e tudo o mais, organizado pela CCC: Confimilhaçon Cocanhesa del Chutebol. Este torneio chama-se Copa e Salame da Terra da Cocanha (CSTC, ou Cocanhon, como apelidado pelo povo da TC), é disputado desde 1876 (134 edições) e tem, hoje, dez integrantes. O troféu constitui-se uma réplica de um navio malcheiroso em cujo convés repousam pernas de copas e salames. Assim, se me permite, traçarei, com a ajuda do Sr. Polentoni - aos poucos - o perfil de cada um dos clubes integrantes da liga.
Começo pelos times da Capital, Polentawood.
1. Polentude: é o time dos endinheirados de P'Wood, por isso faz questão de revelar, em seu nome, a fartura, ao mesmo tempo em que homenageia o alimento principal do cocanheses. Seu estádio, o Polentão, fica estrategicamente localizado ao lado da estação de ônibus e carroças da cidade, permitindo a seus torcedores a satisfação de estacionarem em terreno alheio. Em lugar do gramado, o Polentão tem, obviamente, farinha; logo, o piso é amarelo e, por isso, a equipe usa uniforme verde dos pés à cabeça, alegando tratar-se de uma fantasia de pé de milho. Sua torcida é famosa por se esbaldar em cabernets, merlots e tannats durante as partidas, e por vomitar nos pés do bandeirinha e em cima do banco de reservas do adversário. Foi fundado em 1913, quando começaram a enriquecer os primeiros empreendedores da cidade. Já ganhou vinte vezes a CSTC, conforme representado pelos dois milhos acima do escudo (1 milho = 10 títulos).
3. Clube Extorsivo Bentopolentópolis: ao contrário do foco no alimento, o Extorsivo opta, como bom cocanhês, pelo dinheiro fácil. Seus dirigentes coagem os torcedores a dar dinheiro durante as partidas, o que faz com que tenha a menor média de público do campeonato, mas uma das mais concorridas eleiçoes de diretoria. Com sede na província de Bentopolentópolis, sua torcida é conhecida por promover grandes degustações de vinhos durante as partidas, atitude esnobe que faz com que torcidas como a da Ser Colono cheguem ao cúmulo de atirar tortéis contra os Bentopolentopolitanos durante as partidas. Seu estádio é a Montanha dos Milhedos. Venceu dez vezes a Copa e Salame. Foi fundado apenas em 1919 pelo vetusto fabricante de móveis Milhório Canalho, que construiu o estádio o vendeu, superfaturado, ao clube, ficando rico e passando a apreciar vinhos finos, o que é a ambição de todo torcedor do Extorsivo que se preze.
Un saluto,
Christophoro Capeletti. PhD
Desde o acompanhamento musical até a profundidade estrutural a intuição leva-me a acreditar que se trata uma brilhante idéia.Hilariando as diversas situações é possível extrair uma caprichosa busca da cultura italiana disseminada no dia dia dos descencentes do primeirosz imigrantes italianos.Haveria a possibilidade de mesclá-lo com o nosso Talian, idioma reonhecido pelo Governo do Estado..?
ResponderExcluirParabens. Honório Tonial hotohonorio@yahoo.com.br